Copa do Nordeste: Bahia atropela o Confiança por 4 a 1 e abre vantagem na final

Bahia faz 4 a 1 no Batistão e abre vantagem na final
Chuva pesada, estádio lotado e um visitante implacável. Em Aracaju, o Bahia atropelou o Confiança por 4 a 1 no Batistão e ficou a um passo do título da Copa do Nordeste. O placar elástico nasceu de um plano bem executado por Rogério Ceni: time alternativo, muita intensidade e aproveitamento cirúrgico nas chegadas ao ataque.
O início foi um choque de realidade para o Dragão. Luciano Rodríguez abriu o marcador com frieza, e Willian José ampliou ainda no primeiro tempo, deixando o Tricolor confortável mesmo com o gramado pesado. A torcida do Confiança empurrou, o time não se entregou e, na volta do intervalo, Ronald Camarão descontou e reabriu o jogo por alguns minutos.
Quando parecia que o mandante poderia crescer, o Bahia matou a reação. Rodrigo Nestor apareceu bem de trás para fazer o terceiro, e Rezende, sempre intenso, fechou a conta com o quarto gol. Superioridade clara do começo ao fim, numa atuação que mesclou controle e agressividade sem perder a organização.
Mais do que o placar, chamou atenção a coragem na escalação. Ceni poupou peças importantes pensando no calendário e mesmo assim não perdeu a mão. Com improvisações — como o zagueiro Gabriel Xavier atuando pela lateral — e espaço para a base, o Bahia sustentou a proposta, não cedeu nervosismo ao ambiente e saiu com a maior vantagem possível para uma final fora de casa.
Foram sete atletas formados em casa participando da partida: Fredi, Gabriel Xavier, Zé Guilherme, Sidney, Juninho, Vitinho e Tiago. A noite foi de vitrine para os garotos e de confirmação para os protagonistas. Luciano Rodríguez e Rodrigo Nestor desequilibraram com gol e assistência cada um, sendo os termômetros do ritmo do time nos dois tempos.
Do outro lado, o Confiança sentiu a dificuldade de impor volume contínuo. A equipe criou momentos de pressão, especialmente depois do gol de Ronald Camarão, mas sofreu para lidar com a transição rápida do Bahia e deixou espaços que foram prontamente explorados. Em finais, eficiência pesa — e o Tricolor foi letal.
Vantagem, jogo de volta e o que está em jogo
O cenário para a partida decisiva é direto: com 4 a 1 no agregado, o Bahia pode perder por até dois gols de diferença para ficar com a taça. Se o Confiança vencer por três, leva a decisão para os pênaltis. Triunfo sergipano por quatro ou mais significaria virada e título do Dragão. Sem gol qualificado, vale o saldo total dos dois jogos.
O reencontro está marcado para sábado, às 17h30, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Casa cheia é o que se espera, ainda mais com o Tricolor muito perto de se isolar como o maior campeão do torneio. Hoje, o Bahia soma quatro conquistas (2001, 2002, 2017 e 2021). Se confirmar a taça, deixará para trás os rivais que dividem o topo e consolidará uma década de retomada no cenário regional.
A vitória em Aracaju também reforça a aposta no rodízio de Rogério Ceni. Com um calendário apertado e decisões em sequência, segurar nomes como Everton Ribeiro, Luciano Juba e Ramos Mingo no banco, sem sequer usá-los, mostrou confiança no elenco e deu fôlego para as próximas semanas. Quando as peças que foram poupadas voltarem, o time tende a ganhar ainda mais lastro técnico na construção.
Para o Confiança, a missão é dura, mas não impossível. O time precisará de uma atuação quase perfeita em Salvador: compactação para não sofrer em transição, força nas bolas paradas e frieza para aproveitar as chances. Levar o jogo para pênaltis já seria um feito e manteria o Dragão vivo até o último chute.
No campo coletivo, o Bahia sai do primeiro jogo com alguns recados. A equipe soube alternar pressão alta e bloco médio conforme o estado do gramado e o momento da partida, manteve a cabeça fria mesmo quando sofreu o gol e escolheu bem quando acelerar. Essa leitura foi o diferencial para transformar um duelo duro em uma vitória larga.
Em termos de legado, a taça vale mais do que a taça. O campeão garante vaga direta na terceira fase da Copa do Brasil de 2026 — alívio financeiro e esportivo para o planejamento de temporada. Para um clube que tem investido em elenco e estrutura, encerrar a campanha regional com o troféu seria combustível para o restante do ano.
Até lá, o Bahia carrega a vantagem e a confiança de quem apresentou repertório e personalidade fora de casa. E o Confiança leva para Salvador a esperança de uma noite perfeita. Final é final: 90 minutos para um escrever história e o outro desafiar a lógica.