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Barreal artilheiro, Neymar lesionado: balanço dos reforços do Santos na luta contra o rebaixamento

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Barreal artilheiro, Neymar lesionado: balanço dos reforços do Santos na luta contra o rebaixamento

Em plena reta final do Campeonato Brasileiro de 2025, o Santos FC vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. O clube, que completa 32 rodadas na competição e ocupa a 17ª posição — na zona de rebaixamento —, apostou pesado na renovação do elenco com 20 contratações. Mas enquanto um jovem argentino surpreende e se torna símbolo de esperança, o maior nome do time, Neymar, luta contra lesões, cartões e expectativas impossíveis. A realidade é dura: o Peixe corre risco de cair para a Série B pela segunda vez em apenas três anos. E o que parecia ser um projeto de retorno à glória virou um exame de fidelidade, resistência e, sobretudo, de acertos e erros na gestão esportiva.

Barreal: a surpresa que virou pilar

Enquanto o nome de Neymar enchia os jornais antes da temporada, foi Álvaro Barreal, de 25 anos, quem realmente acendeu a luz no fim do túnel. Nascido em Buenos Aires, o meia-atacante chegou ao Santos em empréstimo do FC Cincinnati, da MLS, e rapidamente se tornou o artilheiro do time no Brasileirão: 8 gols em 31 jogos. Não é só número. Ele é o único jogador do elenco que, em quase todos os jogos, sai do campo com o público pedindo mais. Veloz, técnico, capaz de jogar nas duas pontas ou pelo centro, Barreal transforma chances em gols — e, mais importante, inspira reação. Seu desempenho é tão consistente que o Santos já teria, segundo fontes internas, uma opção de compra por cerca de R$ 12 milhões ao final da temporada. Ele não é só um reforço: é o único que cumpriu a promessa de ser decisivo.

Neymar: o peso da expectativa

Ele voltou ao Santos com o discurso de que queria "devolver a alegria ao torcedor". Mas a realidade foi outra. Neymar disputou apenas 23 jogos, marcou 6 gols, deu 3 assistências e levou 7 cartões amarelos — o que, em um time que precisa de disciplina, pesa como um fardo. As lesões recorrentes, principalmente nas coxas e no tornozelo, o mantiveram fora de cinco jogos cruciais. Em outros, entrou no segundo tempo, sem ritmo, como se ainda estivesse se recuperando de um período de inatividade. O que era para ser o catalisador do time virou uma distração. O técnico Gustavo Vojvoda chegou a ousar: escalou Neymar ao lado de Robinho Jr. contra o Palmeiras, numa tentativa de gerar impacto ofensivo. Resultado? O Santos perdeu por 3 a 1. A defesa, sem apoio, foi dilacerada. A lição foi clara: o time não pode depender de um jogador que não consegue jogar 90 minutos sequer.

Zé Rafael e Willian Arão: a alma do meio-campo

Se Barreal é a alma ofensiva, Zé Rafael é a alma defensiva. Com 32 anos, o volante, que chegou com desconfiança, virou titular absoluto sob Vojvoda. Em 23 jogos, não só marcou um gol decisivo contra o Corinthians, como se tornou o líder em desgaste físico, marcação e organização. Ele é o tipo de jogador que o técnico sonha ter: calmo, inteligente, que lê o jogo antes de acontecer. Já Willian Arão, ex-Corinthians, teve início lento por causa de dores musculares. Mas nas últimas cinco rodadas, foi titular em quatro. Seu retorno ao time tem sido crucial para equilibrar o meio, especialmente com Neymar sempre ausente. Ele não é estrela, mas é indispensável.

Os que não cumpriram: Frías, Thaciano e o custo da pressa

Nem todos os reforços trouxeram luz. O argentino Adonis Frías, contratado com promessas de criatividade, jogou apenas 9 partidas. Fez um gol na estreia contra o São Paulo — e depois desapareceu. Thaciano, o atacante que chegou com mais investimento, jogou 28 jogos, mas marcou só 3 gols. Sempre entrou no fim, como se fosse um remédio de última hora. E o meia Rollheiser, que custou mais de R$ 8 milhões, só fez 5 assistências em 34 jogos. Não foi ruim, mas foi insuficiente. O clube apostou em nomes conhecidos, mas esqueceu de priorizar consistência sobre fama. A conta veio na tabela.

O que vem por aí: Vojvoda e os últimos 6 jogos

O que vem por aí: Vojvoda e os últimos 6 jogos

Com apenas 6 rodadas restantes, o Santos precisa de 11 pontos para sair da zona de rebaixamento. É possível? Sim. Mas só se o time continuar jogando como nos últimos 10 jogos: com Barreal na ponta, Zé Rafael no meio e Willian Arão como escudo. Vojvoda tem que manter a escalação. Não pode mais tentar resgatar Neymar como salvador. Ele não é. O técnico precisa confiar no que funcionou: a pressão alta, a velocidade de Barreal, a inteligência de Zé Rafael. Se o Santos sobreviver, será por mérito de jogadores que ninguém esperava. Não por Neymar. Nem por contratações caras. Mas por quem se levantou quando o time mais precisou.

Um elenco que não era o planejado

Antes da temporada, o Santos anunciou como reforços principais: Luisão, Zé Ivaldo, Leo Godoy, Tiquinho Soares, Gabriel Veron e, claro, Neymar. Mas a realidade foi outra. As negociações com Arthur Melo e Leandro Paredes esfriaram. Niclas Eliasson, que teria raízes brasileiras e poderia ser uma alternativa tática, não foi contratado. O clube, em vez de montar um elenco equilibrado, foi atrás de nomes que a mídia exigia. E o resultado? Um elenco desequilibrado, com muitos jogadores sem função clara. A lição é dura: futebol não se constrói com celebridades. Se constrói com jogadores que encaixam.

Frequently Asked Questions

Por que Barreal se destacou tanto no Santos?

Barreal se destacou por sua versatilidade, velocidade e eficiência no terço final. Ele joga como ala ou meia, cria jogadas sozinho e tem finalização precisa. Além disso, não sofreu lesões graves e manteve ritmo de jogo por toda a temporada, algo raro no elenco. Sua chegada foi um empréstimo barato, e ele se tornou o artilheiro do time com 8 gols em 31 jogos, superando até Neymar em produtividade.

Neymar ainda tem chance de ajudar o Santos a escapar do rebaixamento?

A chance é mínima. Neymar já perdeu cinco jogos por lesão e, quando jogou, não teve sequência nem impacto decisivo. O time não pode mais depender dele para vencer. O técnico Vojvoda precisa apostar em jogadores que estão em campo todos os jogos — como Barreal e Zé Rafael. Mesmo que Neymar volte, seu papel agora é de suplente tático, não de líder.

Quais jogadores do elenco têm futuro no Santos?

Barreal é o principal candidato a permanecer, com opção de compra ativa. Zé Rafael, apesar da idade, é essencial e deve renovar. Willian Arão, se mantiver o ritmo, também tem espaço. Já Gabriel Bontempo, que vem sendo usado como lateral, mostrou potencial e pode ser valorizado. Os demais, como Rollheiser e Thaciano, provavelmente serão dispensados ou emprestados após o fim da temporada.

Qual é o maior erro da diretoria do Santos nesta temporada?

O maior erro foi priorizar nomes famosos em vez de jogadores que encaixassem no sistema. Contratar Neymar sem preparar o elenco para suportar sua ausência foi um erro tático. Também não investiu em reforços de qualidade para o meio-campo e a defesa, deixando o time desequilibrado. A diretoria apostou na emoção, não na estratégia — e agora paga o preço.

O Santos pode escapar do rebaixamento ainda?

Ainda é possível, mas exige vitórias em todos os 6 jogos restantes. O time precisa vencer times como Chapecoense, Coritiba e Ceará, e torcer por resultados favoráveis contra os rivais diretos. Com Barreal em forma e Zé Rafael liderando o meio, há chances. Mas sem mudança de mentalidade, a equipe corre risco de cair mesmo com bons resultados.

Como o técnico Gustavo Vojvoda está lidando com a pressão?

Vojvoda tem sido surpreendentemente firme. Apesar das críticas, manteve a escalação com Barreal e Zé Rafael como pilares, mesmo quando Neymar voltou. Ele priorizou o coletivo sobre o individual e não se deixou levar por pressões midiáticas. Seu maior desafio agora é manter a confiança do grupo e evitar que o clima de pânico entre os jogadores. Ele é, hoje, o único que ainda acredita que o Santos pode se salvar.